deu ruim

Hoje eu dei adeus ao Camboja com o coração levemente apertado. Sabe aquele povo que te conquista? Que fala com doçura e sempre tem um sorriso no rosto? Esse é o povo do Camboja e com certeza, o maior tesouro que esse país tem, muito além de Angkor e todos os templos magníficos.

Eu conheci o Saje, um rapaz franzino ficava de plantão com o tuk-tuk em frente ao hotel em que eu fiquei e era ele que me levava de cima pra baixo e foi ele que me levou pro aeroporto. Saje é daquelas pessoas que te cativa com o olhar, que faz de tudo pra agradar, que foi um guia sem que eu pedisse. Vou sentir saudades.

A minha viagem de Siem Reap até Krabi na Tailândia fazia uma conexão em Bangkok, o primeiro trecho era com a Air Asia e o segundo com a Thai Lion. Jurava que o primeiro voo fosse atrasar, faltavam 30 minutos para a partida e o avião ainda não estava em solo. A aeronave chegou e em 20 minutos eles desembarcaram passageiros e bagagem, embarcamos e decolamos na hora certa.

O que deveria ser apenas um voo de rotina, foi um dos momentos mais pavorosos que eu já vivi. Antes de qualquer coisa, eu sou o primeiro a dizer que voar é seguro e jamais deixaria de voar por conta de qualquer episódio.

O voo entre o Camboja e a Tailândia é curto, 1h10, pouco mais do que Rio e São Paulo. Por conta disso, a aeronave não sobe para a altitude de cruzeiro (acima de 10 mil metros), o avião viaja no limite entre o bolsão de ar quente do solo e o ar frio da atmosfera, por isso, a viagem é sempre turbulenta. Eu manjo um pouco desses paranauê aí, o que me ajuda a entender o que rolou a seguir.

Na sequência de aproximação para o Aeroporto Dom Mueang em Bangkok, a aeronave fez diversas curvas para chegar na cabeceira que estava realizando os pousos naquele momento. Em todos os aeroportos do mundo, pousos e decolagens são alternados em razão da direção do vento que estiver soprando naquela hora.

Na chamada “curta final”, que é quando o avião faz o último movimento para se alinhar com a pista, já com os flaps baixados (acho que em 45 graus) para reduzir a velocidade para o pouso, ele estava aparentemente na velocidade correta, porém, mais baixo que o normal, essa foi a minha percepção.

Com o ar turbulento, o avião sacudiu mais e começou a perder sustentação pelo lado direito, o que em linguagem aeronáutica se chama “stoll”. Ou seja, amigos, o avião começou a CAIR! É pavoroso você olhar da janela e ver casas e prédios ficando maiores, maiores e eu só falava pra mim mesmo uma coisa ‘não acredito que vai ser hoje’ e eu comecei a falar isso em voz alta.

Esse momento deve ter durado uns 10 segundos, mas parece que foi uma eternidade, aí o povo começa a gritar e chorar. Aumenta ainda mais o seu pavor, sei lá, eu sabia que tudo daria certo, eu sempre acredito nisso, mas o chão ficava mais perto. Mano, pensei: ‘vai dar ruim’ de vez, nível CNN ao vivo, saca? Achei que fosse fazer a passagem (haha) rindo pra não chorar mais.

Então, o piloto levou recolheu os flaps, vi que os slots das asas foram abertos para aumentar a sustentação e acelerou os motores para abortar o pouso e arremeter. Juro, tudo isso deve ter durado uns 15 segundos, mas foi o suficiente para espalhar o desespero.

As aeromoças desapareceram e quando elas voltaram a cabine, estavam aparentemente nervosas. Sinal de que a coisa foi séria. O piloto deu uma justificativa em tailandês que eu não faço ideia do que seja.

Fizemos a volta e pousamos. No gate, uma multidão de funcionários do aeroporto, prova de que a coisa não foi corriqueira.

Enfim, todo mundo são e salvo, fiz a imigração zoneada mais uma vez, retirei a mala, corri para o terminal doméstico, checkin, despacho, raio-x, vôo atrasado e no fim do dia, cheguei no paraíso e essa é a vista da varanda do meu quarto.

Pode morar aqui?

Acho que eu mereço
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8 thoughts on “Ásia dia 12: De Siem Reap para Krabi e o dia que quase deu ruim de vez

  1. Fabricio,Bom dia!

    Tudo bem? Adorei a serie Ásia, agora esse episodio até arrepiou.
    Passei por uma experiência parecida, saindo de San Andrés,chovia muito,o pior de tudo no chão não eram casas e sim o mar……….. Conclusão: Eu passei a ter todas as religiões e se fosse Ateia me converteria na hora. rsrsrsrs no final tudo certo,mas confesso que chorei e muito.
    Parabéns pelo Blog.
    Abraços

    1. Foi realmente assustador, na chegada até ambulância na pista tinha. Imagina em San Andrés com aquela pista curta?!

      Obrigado pela mensagem =)

    1. Sabe que foi tão tenso que a Air Asia me mandou uma mensagem perguntando se eu precisava de acompanhamento psicológico.

  2. Oi Fabrício, que susto hein!
    Se possível, você pode me ajudar com uma pequena dúvida?
    Tenho um voo com a Jetstar de Hanói (Vietnã) para BKK, chega as 13:30. Em seguida tenho um voo de BKK para Phuket, as 14:10, com a Vietjet.
    Provavelmente vou ter bagagem despachada.
    Se já tenho o visto tailandês, pois antes de Hanói estive em Chiang Mai…
    Quando chego no terminal internacional de BKK para passar para o internacional, tenho que passar pela imigração?
    Acha que da tempo de embarcar n osegundo voo, uma vez que terei apenas meia hora para descer de uma avião, pegar bagagem e ir para o outro avião?

    Muito obrigada :*

    1. Oi Patricia, tudo bem? Olha, eu passei exatamente por isso em Bangkok. Eu estava em Chiang Mai, fui para o Camboja e voltei, no retorno eu tive que fazer todos os procedimentos de imigração novamente, preencher aquele formulário, passar no Health Control, seguir para a imigração, retirar bagagem e entrar no checkin doméstico, despachar a bagagem de novo, raio-x e sala de embarque. Os dois aeroportos de BKK são enormes e exige troca de terminal, sendo bem sincero, 30 minutos não vai dar tempo, você precisaria de no mínimo 2hs pra fazer essa operação. Fiquei preocupado com seu tempo.

      1. Oi Fabrício, decidi ter calma e mais segurança, comprei a passagem que sai de BKK as 16:45, chega em Phuket as 18hs. Terei cerca de 3 horas para todo o processo de desembarque internacional, bagagem, embarque, etc. Obrigada pela força. Um abraço.

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