Como era voar antigamente

Antigamente, viajar de avião era um acontecimento, tudo era novidade. As pessoas vestiam suas melhores roupas para cruzar no mundo dentro de um monstrengo de alumínio a muitos quilômetros por hora comendo a melhor comida e bebendo da bebida mais cara. Como era voar antigamente, na época da Varig, da PanAm e de muitas outras empresas que representaram a era de ouro a aviação comercial?

Como era voar antigamente: saudades, Varig
Como era voar antigamente: saudades, Varig

Como era voar antigamente?

Para começar, não existiam sites de vendas de passagens aéreas, as pessoas procuravam os agentes de viagens, uma profissão super nova ou iam até a loja da empresa e comprava a sua passagem. E sim, existia uma passagem, parecia um talão de cheques, cheio de folhas que iam sendo destacadas a medida que o passageiro ia passando pelos poucos procedimentos pré embarque.

Como era voar antigamente: passagem da Varig de 1982
Como era voar antigamente: passagem da Varig de 1982
Como era voar antigamente: Preenchida a mão e detalhe pro valor da passagem, 290.770,00 Cruzeiros
Como era voar antigamente: Preenchida a mão e detalhe pro valor da passagem, 290.770,00 Cruzeiros

O controle de bagagens era feito com um papelzinho que era grampeado na capa da passagem aérea, nada de scanner, nada de computador para controlar o destino das malas. Era tudo manual e o mais surpreendente é que não aconteciam extravios de bagagens.

Meu avô era da Varig, ele me contava que as lojas da empresa no exterior eram super procuradas por brasileiros para saber das novidades daqui, tomar um café ou enviar um telex para o Brasil, mas que diabos era isso? Digamos que o telex era o tataravô do e-mail. As lojas da Varig eram quase como embaixadas do Brasil lá fora e o atendimento, claro, era de primeira.

Os aeroportos tinham carregadores que levavam as malas de todos os passageiros até o balcão de checkin, esse sempre foi assim. Mas naquela época, lá pelos anos 60 e 70, não existiam computadores e o checkin era manual. Preenchiam uma folha e algumas informações na passagem aérea, aquela que se parece com um talão de cheques.

Como era voar antigamente: primeira classe
Como era voar antigamente: primeira classe

Houve uma época que acompanhantes poderiam até entrar na sala de embarque, não existia raio-x, mas em alguns lugares as malas eram inspecionadas, isso sempre foi assim. As salas de embarque também não tinham nenhum dos luxos de hoje, não existia nada de sala vip ou freeshop.

Poucos aeroportos tinham fingers e o embarque era na pista mesmo. As aeronaves eram bem menores que as de hoje, eram os Boeings 707 e DC-8, os reis em cruzar os oceanos até terras distantes.

Meu avô trabalhou em uma rota da Varig do Rio de Janeiro até Beirute no Líbano, voando de DC-8. O voo saia do Rio de Janeiro, na época São Paulo não era um hub como hoje, fazia escala no Recife, cruzava o Oceano Atlântico e reabastecia em Monróvia na Libéria, na costa da África, seguia para Roma e depois Beirute. Uma viagem de 22 horas, 3 vezes por semana.

Como era voar antigamente: fumava a bordo
Como era voar antigamente: fumava a bordo

Dentro das aeronaves, sempre existiu a separação de classes. A que hoje conhecemos como econômica era chamada de “classe turística”, não existia a business e a classe superior era a primeira classe.

As poltronas eram largas e espaçosas, mas a econômica sempre foi inferior, claro, era “menos caro” que uma primeira classe, mas nada desse aperto de hoje. Para se ter uma ideia, o Boeing 707 com seus 46 metros de comprimento levava uma média de 150 pessoas, hoje os Boeing 737-800 (como da Gol) com 39 metros de comprimento levam até 183 pessoas. Algumas aeronaves tinham até um bar e sala de estar, coisa que a Emirates resgatou em seus Airbus A380.

Como era voar antigamente
Como era voar antigamente

Não existia sistema de entretenimento, nada de filmes ou músicas. Músicas e filmes em um telão só começaram a aparecer no fim dos anos 70. O entretenimento eram jornais e revistas. Mas o forte eram as refeições servidas, as comidas caras e suntuosas ao lado das melhores bebidas. Era uma comilança só, a Panam servia até caviar a vontade.

E a comida não vinha em bandejas, eram servidas no prato dos passageiros. Aí você se lembra daquele biscoitinho natureba da Gol e chora.

Mulheres eram presenteadas com uma frasqueira, homens com uma caixa de charutos. Sim, podia fumar a bordo e isso foi a causa de muitos acidentes, como um Varig que caiu próximo de Paris em uma plantação de cebolas. Meu avô contava que o passageiro jogou o charuto aceso na lixeira do banheiro.

Como era voar antigamente: entretenimento da época
Como era voar antigamente: entretenimento da época

As aeromoças, homens eram raros nessa profissão, era educadas e cordiais. Nada de tratar o passageiro feito gado. Tudo para tornar esse momento ainda mais memorável, não era todos os dias que as pessoas voavam.

Se tudo era lindo, glamouroso e chique, por outro lado as passagens custavam pequenas fortunas. A grande maioria de nós não teria condições de colocar os pés dentro de uma avião naquela época.

Imagine também passar 22 horas em um avião sem entretenimento de bordo? Imagino que daqui a alguns anos será impossível imaginar 10 horas dentro de uma avião sem internet. Criamos novas necessidades de tempos em tempos.

Se voar antigamente era tudo isso, hoje, é acessível e faz parte das nossas vidas. A poltrona é mais apertada sim, mas podemos ir para qualquer canto do mundo pagando uma fração do que custaria e assistindo nossas séries favoritas na telinha da poltrona da frente.

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