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carregadores de caixões de Gana
Você provavelmente já deve ter visto o meme dos carregadores de caixões de Gana nas redes sociais, a não ser que esteja em isolamento em uma caverna. A imagem ficou famosa especialmente agora, durante a pandemia do Covid-19. Mas a relação do país africano com a morte vai muito além de danças coreografadas e acrobacias com os caixões.
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Quem já esteve no British Museum em Londres e visitou a galeria de arte africana, provavelmente deve ter visto os enormes caixões em formas de objetos do cotidiano e até mesmo de animais. Suspensos em uma vitrine, pode passar batido, especialmente para quem não tem o costume de ler as plaquinhas com informações ou para quem não conhece essa história.
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Eu tive o meu primeiro contato com essa cultura ainda nos anos 90. Existia uma revista naquela época chamada Caminhos da Terra, uma mistura de National Geographic com Viagem e Turismo e que trazia matérias incríveis dos lugares mais inóspitos e curiosos do mundo. Foi ali e claro, com o Globo Repórter, que eu comecei a me apaixonar pelas viagens. Em uma edição, a Caminhos da Terra trouxe uma matéria falando dos caixões de Gana.
No país africano, a morte é tratada de uma forma diferente, onde funerais são eventos importantes, que marcam a passagem do falecido para o outro mundo. Em muitos lugares, como em Gana, as crenças religiosas locais acreditam na vida após a morte, que para eles é uma continuação da vida na terra.
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Em Gana, no leito de morte, a pessoa pode escolher em que tipo de caixão quer ser enterrada. Claro, existem os ataúdes tradicionais, mas o que chama a atenção são os caixões temáticos. Tudo começou nos anos 50, quando a avó do carpinteiro Seth Kane Kwei faleceu sem realizar seu grande sonho: voar de avião. Para homenagear a avó e realizar o sonho dela, Seth fez um caixão em formato de avião. A moda pegou e nos anos 60 os caixões temáticos já faziam parte dos rituais fúnebres de Gana.
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Tem caixões em todos os formatos: barco, carro, avião foguete, calçado, instrumento musical, animais selvagens, frutas, telefone celular e até mesmo de garrafa de Coca-cola. A cultura do caixão figurativo atingiu até mesmo o status de arte contemporânea e por isso, eles foram parar na galeria de arte africana do British Museum.
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Eis que surgem os carregadores de caixões de Gana
Os pallbearers, ou carregadores de caixões, adicionaram um elemento a mais nessa cultura de celebrar o pós vida. A ideia teria surgido em 2012 com Benjamin Aidoo, o líder dos carregadores. Entretanto, é questionável já que uma matéria de 1997 do jornal Washington Post já trazia o assunto.
O fato é que com o Benjamin Aidoo a coisa se popularizou e ganhou o mundo sendo ventilada pelas redes sociais.
“Quando o cliente vem até nós, perguntamos: ‘Você quer algo solene ou um pouco mais de teatro? Ou talvez uma coreografia?’ “É só pedir que nós fazemos.” – Disse o chefe dos carregadores de caixões de Gana à BBC.
O ritual festivo é geralmente oferecido para quem viveu em torno dos 60 anos, em um país onde a expectativa de vida não passa dos 63 anos. Por isso a razão para celebrar aquela vida. O ritual consiste em transportar os caixões após o velório embalado por músicas festivas de Gana com coreografias energéticas em um cortejo que pode durar até 2 horas.
A música do meme, chamada de Astronomia, do artista de música eletrônica Tony Igy veio na onda da internet e não tem qualquer ligação com a cultura dos carregadores de caixões de Gana.
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Uma contratante do serviço, Elizabetch Annan, disse à BBC que decidiu presentear a mãe, com “uma viagem dançante até seu criador”.
É dessa forma – curiosa e festiva – que este país do oeste africano celebra os seus mortos desde os anos 50 e certamente, a criatividade dos ganeses não vai parar por aqui.
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Nossa! Li mto a Caminhos da Terra! Junto com a Viagem & Turismo, eram as publicações onde fui forjando o desejo pelos lugares que visitei e quero visitar. Muito boa a matéria!
Isso, naquela época em que não tinha internet, eram publicações assim que despertavam o desejo de viajante. Até um tempo eu ainda tinha algumas guardadas, não sei onde foram parar.
Adorei o post!! Muito bem apurado, escrito, original, curioso e interessante. Fiquei até com vontade de ir pra Gana!!
Oie! Obrigado, Ma! <3