Em novembro de 2017 eu fiz uma viagem pela Europa voando com a Alitalia, como eu buscava um pouco mais de conforto em relação a classe econômica tradicional, eu optei por fazer o trecho de volta, de Roma a São Paulo na Premium Economy da tradicional companhia aérea italiana. Esse review é particularmente interessante, pois notei que muitos passageiros desconhecem esse serviço e buscando na internet não encontrei nenhum relato em português sobre como é voar na Premium Economy da Alitalia.
A Alitalia foi fundada em 1946, é impossível não reconhecer o emblemático logo em forma de A, nas cores verde, vermelho e branco estampado na cauda das suas aeronaves mundo afora. A empresa atravessa um momento delicado, um processo de falência que foi evitado com a intervenção do governo italiano com um empréstimo para que a empresa continuasse voando até aparecer um comprador. O prazo vai até 30 de abril de 2018. A gente torce muito para que a Alitalia não desapareça e continue alegrando o céu e os aeroportos com suas cores.
Mesmo nesse momento delicado, a empresa abriu novas rotas – inclusive uma segunda frequência no voo de Roma a São Paulo e um inédito Boeing 777-300 foi adquirido recentemente.
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Como é voar na Premium Economy da Alitalia
Compra das passagens
Originalmente eu comprei os trechos direto no site da Alitalia voando em classe econômica, mas como a ida foi bem sofrida, eu decidi dar uma espécie de lance por um upgrade em uma ferramenta no site deles.
O procedimento é simples, você entra com seu código localizador, escolhe o voo e dá um lance. Para a Premium Economy os lances começavam em 145 euros, eu dei um lance de 160 euros (R$620 reais) e ganhei o upgrade. Se eu fosse comprar a poltrona do modo tradicional, ela estava sendo vendida por mais de R$ 4.000 reais o trecho. Ou seja, um excelente negócio. Uma dica muito boa e que muita gente desconhece.
Check-in
Meu embarque foi em Paris, eu fiz o check-in no Aeroporto Charles de Gaulle com o pessoal da Air France, eles atendem a Alitalia no aeroporto francês. O procedimento foi um pouco demorado, pois a funcionária não encontrava a reserva do trecho de Roma a São Paulo, ele havia “desaparecido” do sistema (talvez algum bug por causa do upgrade) e depois de longos e tensos minutos eles encontraram o trecho e fizeram a marcação da poltrona que eu queria. Já saí dali com o cartão de embarque do segundo trecho na mão.
Confesso que fiquei bem tenso, pois os minutos iam passando e eu poderia simplesmente não embarcar, o que de fato quase aconteceu, eu fui o penúltimo passageiro a embarcar no voo de Paris a Roma.
Os procedimentos de raio-x em Paris foram demorados também, inclusive com checagem residual, aquele teste que eles fazem para saber se existem vestígios de pólvora ou drogas nas mãos.
Embarque
Chegamos em Roma com 1h20 antes da partida do voo para o Brasil, tive que acelerar o passo pois o desembarque foi na remota e vocês sabem como esse tipo de desembarque é lento. Depois tive que atravessar todo o aeroporto, fazer a imigração de saída, pegar o skytrain até o área do terminal de onde o meu voo partiria. Quando cheguei no portão o embarque já tinha iniciado. Como eu estava voando na Premium Economy, tive prioridade de embarque.
A aeronave
A aeronave que faz os voos para São Paulo são os Boeings 777-200 e para o Rio de Janeiro os Airbus A330-200. O Boeing que cumpriu a rota foi adquirido pela Alitalia em 2002 e já tem seus 15 anos de uso.
Essas aeronaves tiveram um retrofit interno, mas sem upgrade no sistema de entretenimento. Vou falar melhor disso quando publicar o review sobre o voo na classe econômica.
Os Boeings 777 da Alitalia estão configurados com 293 lugares: sendo 30 na classe executiva, a Magnifica, no layout 1-2-1; 24 lugares na Premium Economy no layout 2-4-2 e 239 poltronas na classe econômica com cross-session 3-4-3 de alta densidade.
Sobre a Premium Economy
A Premium Economy é uma classe intermediária, entre a economy e economy comfort e a business. Sendo uma ótima opção para quem deseja um pouco mais de conforto e privacidade e não pode ou não quer gastar tanto em uma classe executiva.
É um serviço independente, com cabine separada da executiva e da econômica tradicional, por serem apenas 24 lugares (3 fileiras), a Premium Economy é bem mais silenciosa e tranquila. Foi a paz e a privacidade que eu precisava ter nesse voo de volta. A cabine também estava bem vazia.
Conforto
As poltronas da Premium Economy no B777 se parecem com uma “mini-executiva”, inclusive é o mesmo modelo de poltrona da Premium Economy da Air France. Vendo algumas imagens, eu notei que as poltronas dessa classe nos A330 são bem mais simples. Aí não saberia dizer se vale o investimento.
A poltrona tem o encosto fixo e ela não reclina, mas desliza para a frente e tem um bom apoio para as pernas. Elas também são equipadas com luz individual de leitura e tomada elétrica, não tem porta USB.
Todas as poltronas tem monitores individuais de 10 polegadas e o controle remoto fica acoplado ao braço da poltrona.
Na poltrona tinha um cobertor, do mesmo material da classe econômica, mas um pouco maior. Um bom travesseiro com fronha de algodão e fones de ouvido com redutor de ruídos, do mesmo modelo da classe executiva.
Até um tempo atrás os passageiros que voavam nessa classe recebiam uma necessaire da marca Frette, mas perguntei a um dos comissários e ele me disse que os kits estavam suspensos e que devem retornar em 2018. Também notei que a necessaire que eles distribuíram na classe executiva era super simples, em um saquinho verde e antes elas eram da Bulgari. É a crise!
Notei também que as poltronas já mostram sinais de desgaste, estão bem castigadas e as janelas precisam de um polimento urgente, todas estão super arranhadas.
Entretenimento
Essa foi a minha maior decepção com a Alitalia. O sistema de entretenimento deles é o pior que eu já vi. A interface é totalmente ultrapassada, a navegação é complicadíssima, a qualidade da imagem é uma lástima. Em alguns momentos parecia que eu estava assistindo a TV nos anos 90 lá na casa dos meus avós com aquelas antenas tipo espinha de peixe, com a imagem carregada de chuviscos. Nem preciso dizer que as telas não são touch-screen, ok?!
O catálogo de filmes e séries também é uma piada. Realmente, eu não imaginava que uma companhia como a Alitalia oferecesse um sistema tão ruim para os seus passageiros. Minha dica: leve um tablet com muitos filmes e se você estiver na econômica, reze para a bateria durar, pois lá não tem tomada e tão pouco porta USB.
No bolsão da poltrona tinha uma cópia da revista de bordo, a Ulisse e a revista do duty-free.
Voo e serviço de bordo
Pouco depois de encerrado o embarque a tripulação serviu um welcome drink, que tinha água, suco ou prosecco, um dedinho, mas estava valendo.
A aeronave deixou o gate com 45 minutos de atraso por conta de passageiros faltantes, que estavam vindo de outros voos ou que se perderam pelo free-shop. Quando iniciamos o push-back, mais problemas, o trator que faz esse trabalho quebrou e não conseguia manobrar a aeronave. Depois de três tentativas eles conseguiram, com isso, o voo decolou de Roma com 1 hora de atraso.
Após a decolagem, sobrevoamos o belíssimo litoral da Itália com águas de um azul incrível que deixa qualquer praia da Tailândia com inveja. Assim que atingimos a altitude de cruzeiro a tripulação serviu um snack, acompanhado de água, sucos, refrigerantes ou vinho, tinto e branco.
Aproximadamente 1h20 depois da decolagem foi servido o almoço, que foi a refeição principal desse voo. A comida era a mesma da classe econômica, mas em uma quantidade maior.
Como opções tinha os tradicionais frango ou massa, claro que eu escolhi a massa e veio uma lasanha que estava incrível! Foi uma das melhores comidas de avião que eu já comi, parecia que tinha acabado de sair da cozinha. A italianada não decepcionou!
De entrada tinha uma salada com tiras de frango e queijo, um pãozinho que estava bem gostoso e de sobremesa veio tiramissu.
Toda os recipientes eram de porcelana, os talheres de metal, copo do vinho de vidro e a toalha da bandeja era de linho, da marca Frette. Na bandeja também tinha um azeite, manteiga, um chocolate e um lenço umedecido para a higiene.
Para beber tinha sucos, água, refrigerantes e vinhos tinto e branco. Eu optei pelo vinho em todas as ocasiões e estava bom, mas dava para sentir que era um vinho mediano.
Após o almoço a tripulação serviu café e chá, e por fim, distribuíram uma toalhinha quente para higiene. Achei curioso, pois normalmente essas toalhas são distribuídas antes das refeições.
Após o almoço eu consegui assistir um filme no sistema de entretenimento, o fone de ouvido com redutor de ruído ajudou bastante e a tela da Premium Economy tem a qualidade um pouco melhor que a da econômica, mas mesmo assim, o sistema era tão ruim que não animava tentar ver mais nada. Aí eu fui escrever, depois assisti alguns episódios das séries que eu estou acompanhando no Netflix e que eu tinha baixado no meu celular. Pois como vocês podem imaginar, a aeronave não tem wi-fi.
Algum tempo depois eu me estiquei na poltrona e dormi profundo, acordei com uma turbulência forte quando deixávamos o espaço aéreo africano e começávamos a longa travessia do Oceano Atlântico.
Nesse momento a tripulação estava servindo um sanduíche frio, estava bem gostoso. Confesso que comi, virei para o canto e dormi mais. Eu estava bem cansado, minha viagem tinha começado no dia anterior em Tallinn na Estônia, de onde voei para Riga na Letônia, de lá para Paris, depois Roma e por fim, este voo Roma a São Paulo.
Quando voltei a acordar estávamos próximos de Salvador, onde quase pousamos por conta de uma emergência médica, mas tinha um médico a bordo que estabilizou o passageiro e seguimos até São Paulo.
Faltando 1h20 para o pouso a tripulação serviu um lanche, a apresentação não era a melhor, mas achei bem farto. Veio um pastel assado, um pão, frios, um bolinho que lembrava o sabor de madelaines e frutas picadinhas. Para beber eu peguei vinho e suco. Nesse serviço os pratos eram e plástico, assim como os copos e talheres, uma pena. Mas estava simples e gostoso.
Logo após o serviço iniciamos a descida até o Aeroporto Internacional de Guarulhos em São Paulo, pousamos com pouco mais de 1 hora de atraso e desembarcamos na posição remota. Um ônibus só para os passageiros da Business e da Premium Economy foi disponibilizado, o que agilizou bastante o desembarque.
Rapidamente eu passei pelo controle de passaporte, as malas não demoraram para chegar, mas a minha custou para aparecer, cheguei a pensar que ela tinha sido perdida, mas no fim deu tudo certo.
Conclusão
Voar na Premium Economy da Alitalia foi uma boa experiência, mais pelo belo almoço e pela privacidade e espaço da cabine. Eu voltaria a voar nessa classe só se conseguisse um upgrade pagando pouco, não acho que vale a pena pagar cerca de 4 mil reais o trecho.
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