Fabricio Moura 
Há quase 20 anos, quando eu nem sonhava que viajar e criar conteúdo de viagens seria o meu trabalho, eu me apaixonei por um Globo Repórter sobre o Lago Titicaca. Eu fui fisgado pelo maior e mais alto lago navegável do mundo, com sua população tão única, suas ilhas flutuantes e barcos coloridos de totora. Quase duas décadas depois, eu tive o meu dia de “Gloria Maria” conhecendo um dos lugares mais especiais do mundo.
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O Lago Titicaca está a 3.821 metros de altitude e se espalha por uma área de 8.372 km², com seus 190 km de extensão de uma ponta a outra. Dividido entre o Peru e a Bolívia, ele é o mais alto lago navegável comercialmente do mundo e berço de civilizações que aqui existiam muito antes dos colonizadores chegarem.
Sua profundidade varia entre 140 e 280 metros e possui 41 ilhas naturais, a maioria povoadas. Mas certamente a que mais chama a atenção são as Ilhas Uros, as famosas ilhas flutuantes do Titicaca.
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Como chegar ao Lago Titicaca
O ponto de partida para conhecer o Lago Titicaca pelo lado peruano é a cidade de Puno, conhecida como a “capital cultural do Peru”, ela fica distante cerca de 1.300 km de Lima e quase na fronteira com a Bolívia.
De avião
A maneira mais prática e também a mais rápida de chegar ao Lago Titicaca e de avião. O aeroporto mais próximo fica em Juliaca, distante cerca de 40 km de Puno. O pequeno aeroporto da cidade recebe voos diários da Latam e da Sky Airlines, sempre saindo de Lima.
Para ir de Juliaca até Puno, a melhor opção é contratar um transfer. O transfer compartilhado custa a partir de 19 USD e pode ser reservado aqui. Já o transfer privado, opção que eu escolhi, custa 52 USD para duas pessoas e também pode ser reservado aqui.
A viagem entre o Aeroporto de Juliaca e Puno leva em média 1 hora.
De ônibus
É possível ir de Cusco a Puno de ônibus, a viagem dura em média 8 horas e a passagem custa 23 USD e pode ser comprada aqui. O ônibus sai de Cusco às 22h e chega em Puno às 6h da manhã. Contudo, em se tratando das estradas peruanas, atrasos podem acontecer.
De trem
A Peru Rail opera um serviço de trem entre Cusco e Puno, o Titicaca Train, que parte três vezes por semana de Cusco às 7h da manhã e chega em Puno às 17h40. A passagem custa 270 USD por pessoa.
Todavia, se você quer ter uma experiência de luxo, existe o Andean Explorer, o trem de luxo do Belmond, o mesmo administrador do Copacabana Palace no Rio. Daí já podemos imaginar o preço, não é mesmo? E a passagem mais barata custa 3.938 USD por pessoa no sistema all inclusive e os passageiros passam a noite no trem, em confortáveis cabines de luxo.
Onde se hospedar em Puno
Puno tem ótimos hoteis, eu me hospedei no Casa Andina Premium Puno, um hotel excelente, com quartos super confortáveis, atendimento impecável, café da manhã bom e com uma belíssima vista para o Lago Titicaca. O hotel não fica no centro da cidade, fica em uma parte mais afastada, mas pelo contrário temos acesso direto ao lago. O hotel possui um píer e dele podemos chegar às margens do lago e até acessar uma ilha flutuante conectada ao píer.
Perto dele fica o GHL Hotel Lago Titicaca, um cinco estrelas que tem uma das melhores vistas do lado. A minha ideia era me hospedar nele, mas quando fui reservar, já estava lotado.
Contudo, se você pretende se hospedar no centro da cidade, recomendo o Casa Andina Stantard. É um hotel mais simples, confortável e com ótima localização. Aliás, eu conheço bem essa rede Casa Andina e todos os hoteis são ótimos.
Como fazer o passeio do Lago Titicaca
Existem vários passeios pelo Lago Titicaca saindo de Puno, eu recomendo o passeio de um dia, onde visitamos as Ilhas Uros (que são as ilhas flutuantes) e depois seguimos até a Ilha Taquile, onde vivem os descendentes dos Incas, com almoço incluso. Este passeio eu comprei pelo Get Your Guide e custou 41 USD por pessoa e você pode comprar através deste link.
Os passeios podem ser comprados também no píer de onde saem os barcos, contudo, são passeios mais curtos e que só visitam as ilhas Uros, algo que certamente eu não recomendo.
Visitando o Lago Titicaca
O lago é considerado o berço da civilização Inca, foi aqui que tudo começou. E Titicaca significa “Pedra do Puma” no idioma quéchua onde Titi significa “puma” e caca, significa “pedra” no idioma ancestral dos Incas.
E tudo começou quando o primeiro imperador inca, Manco Capac, chegou à Ilha do Sol, que hoje fica no lado boliviano do lago.
Ilhas Uros
Entretanto, antes mesmo dos Incas, o lago já era povoado por outros povos, entre eles o Aymarás, do qual os Uros são descendentes. Estes povos vivem nas ilhas flutuantes há séculos. Inicialmente, por uma questão de proteção e para evitar ataques dos inimigos.
Hoje em dia, as ilhas ficam localizadas mais próximas a Puno e ao todo são 120 ilhas que possuem a sua própria administração e as suas regras. É como um mundo à parte onde não existem hospitais, supermercados, polícia e outros serviços do qual estamos acostumados.
As ilhas são construídas com camadas e mais camadas de totora, uma planta aquática endêmica do Titicaca. E eles usam a planta para construir as suas casas, barcos e até na alimentação.
As pequenas ilhas são povoadas apenas por familiares. Parte do trabalho do dia a dia é cuidar da manutenção delas, repondo sempre as totoras para manter o piso seco e longe da água. Mas basta cavar um pouco para encontrar a água gelada do lago.
E eles vivem basicamente de artesanato e das gorjetas deixadas pelos visitantes. É uma vida bem simples, para não dizer miserável. Algumas ilhas possuem paineis de energia solar e outras tem até casinhas de madeira e mais bem estruturadas. Inclusive, é possível se hospedar em algumas dessas casas com melhor estrutura.
Durante o passeio, tivemos a oportunidade de atravessar de uma ilha para outra em um barco de totora remado a mão por 15 soles.
Ilha Taquile
Depois de visitar as Ilhas Uros, seguimos por cerca de uma hora de barco até a Ilha Taquile. É nela que vivem os mais de 2 mil descendentes dos incas. Os habitantes da ilha levam uma vida completamente diferente dos Uros, em casas boas, com energia elétrica e água encanada. São agricultores e criam pequenos animais, como ovelhas.
Certamente uma das ilhas mais bonitas do Titicaca, ela possui várias ruínas incas. Inclusive, eles foram os últimos a render aos colonizadores espanhois.
Na ilha visitamos um vilarejo, almoçamos uma comida deliciosa na casa de uma família local e ainda assistimos uma pequena cerimônia.
Visitar o Lago Titicaca foi uma das experiências mais enriquecedoras que eu tive no Peru, algo que definitivamente recomendo.
