Fabricio Moura 
Porta de entrada para quem deseja visitar a cidade inca de Machu Picchu no Peru, Cusco é uma das mais belas cidades peruanas e tem muito para mostrar aos seus visitantes. Neste post eu conto o que fazer em Cusco.
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Muitos viajantes que buscam conhecer o Vale Sagrado dos Incas, fazer a desafiadora Trilha Inca ou simplesmente visitar Machu Picchu, enxergam Cusco como uma cidade de passagem. Mas a cidade – antiga capital do Império Inca – tem muito o que mostrar aos visitantes. Mas tome muito cuidado, pois você pode se apaixonar!
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Sobre Cusco
Declarada Patrimônio Histórico da Humanidade pela Unesco, Cusco é dona de um dos conjuntos arquitetônicos mais belos e bem conservados do continente. A cidade é repleta de igrejas espanholas, centros culturais, ruas lindíssimas, museus, ótimos restaurantes e uma vida noturna agitada.
Cusco e fica distante cerca de 1.100 km de Lima ou cerca de 1 hora de voo. A cidade fica no meio da Cordilheira dos Andes a uma altitude de 3.399 metros acima do nível do mar. No passado a cidade foi a capital do Império Inca, que se estendia do Equador até o norte da Argentina. Cusco era o coração desta civilização que reinou do ano de 1200 a 1500, até a chegada dos Espanhóis. A população Inca foi dizimada, destruíram templos e construções e ergueram em cima as suas igrejas coloniais.
Quem caminha pela Plaza de Armas de Cusco e fica encantado com as belas catedrais, talvez não tenha ideia de que tais monumentos representam o domínio do colonizador e o fim de uma civilização. E tais marcas seguem até hoje, especialmente entre a população de Cusco de origem inca, que ainda carregam todo sentimento e as mágoas com os colonizadores espanhóis.
Onde se hospedar em Custo
Na minha viagem pelo Peru, a caminho de Machu Picchu, eu passei por Cusco na ida e na volta. Na ida eu me hospedei no Casa Andina Premium Hotel, um hotel 5 estrelas com preços muito bons. Eu paguei o equivalente a R$350 a diária para duas pessoas com café da manhã.
Recomendo também o Casa Andina Standard, que tem preços super baratos e também é bem confortável e com excelente localização.
Outra recomendação bacana é o Abittare Hotel Cusco, que fica pertinho do Casa Andina, tem bons preços e excelente localização.
Na volta de Machu Picchu para Cusco eu fiquei no Hilton Garden, um 5 estrelas classudo, mas com atendimento inferior ao Casa Andina Premium Hotel e com localização um pouco desfavorável, já que ele fica na parte alta da cidade o que faz com que a gente dependa mais de táxi ou Uber.
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Como se locomover em Cusco
Se você se hospedar na região do centro histórico, vai poder fazer tudo a pé. Entretanto, se precisar se locomover a maiores distâncias – como ir e vir do aeroporto – recomendo usar o Uber que tem preços ótimos no Peru. A corrida do aeroporto até o hotel no centro histórico me custou 12 soles (R$ 15).
O que fazer em Cusco
- Circular pelo Centro Histórico
- Conhecer a Plaza de Armas
- Visitar as catedrais espanholas de Cusco
- Conhecer as ruinas incas de Sacsayhuamán
- Cristo Blanco
- Visitar o Museu Precolombino
- Mercado San Pedro
- Aproveitar a gastronomia peruana
- Visitar as Montanhas Palcoyo
- Fazer o tour até a Laguna de Humantay
- Viajar de trem até Aguascalientes
- Visitar Machu Picchu
Circular pelo Centro Histórico
A melhor forma de conhecer uma cidade é circular por ela, preferencialmente a pé. Cusco é um desses lugares que nos encanta a cada esquina. Toda a região que compreende o centro histórico de Cusco é bem delimitada e povoada de igrejas centenárias, casarões coloniais, centros culturais e tudo isso adornado com ruas de pedras.
E apesar dos espanhóis terem destruído praticamente toda a herança Inca do centro de Cusco, ainda encontramos algumas estruturas que foram poupadas. Pertinho da Plaza de Armas, fica o enorme Palácio Arzobispal, que foi erguido em cima de uma construção Inca e a sua base de pedras foi preservada. Nela fica a pedra dos 12 ângulos, um dos exemplos do perfeccionismo Inca. A pedra faz a conexão dos diferentes lados do muro e ela foi moldada com seus 12 ângulos para se encaixar perfeitamente ali.
Outro lugar bem interessante é Qorikancha – que significa Templo do Sol – que foi um dos mais importantes templos de Cusco. O templo foi destruído pelos espanhóis e todo o ouro que revestia as paredes foi levado para a Espanha. Contudo, a base do templo foi mantida e em cima dela foi construído o Convento de Santo Domingo.
Conhecer a Plaza de Armas
A Plaza de Armas de Cusco é o coração do centro histórico da cidade, é onde tudo acontece. Onde ficam as principais catedrais e também alguns dos restaurantes mais famosos da cidade. A praça é o ponto de partida para o seu roteiro em Cusco.
Antes da chegada dos espanhóis, a praça era o coração do império Inca e ocupava mais que o dobro do tamanho atual. Era ali que ficavam os principais templos e construções, onde aconteciam importantes celebrações e festividades.
E se tem algo que você vai notar em Cusco, é que os cusquenhos têm muito orgulho de sua herança ancestral, muito diferente dos habitantes de Lima e de outras localidades. E para celebrar esta herança, eles colocaram no meio da Plaza de Armas uma enorme estátua de Pachacutec, o principal imperador da antiga civilização.
Visitar as igrejas e catedrais espanholas de Cusco
E duas das principais igrejas e catedrais espanholas de Cusco ficam exatamente na Plaza de Armas. A primeira parada é na Catedral de Santo Domingo, popularmente chamada de Catedral de Cusco.
A catedral foi a primeira obra dos espanhóis depois da conquista do vale sagrado e foi erguida em 1560 em cima do Palácio Inca de Viracocha, uma das mais importantes edificações daquela civilização em Cusco.
E ao lado da catedral fica outra incrível obra: a Igreja da Companhia de Jesus, que é considerada uma das mais bonitas igrejas em estilo barroco do continente. E realmente, ela é lindíssima.
Dizem que os jesuítas começaram a construir esta igreja em 1571 para competir com a beleza da Catedral de Santo Domingo. Mito ou não, ela é sim a mais bela de Cusco. Infelizmente não é possível fazer imagens (fotos ou vídeos) dentro delas. Vocês terão que entrar para conferir.
Conhecer as ruínas incas de Sacsayhuamán
Talvez você não saiba, mas não é preciso ir muito longe de Cusco para admirar algumas das mais importantes ruínas incas da região do Vale Sagrado no Peru.
Sacsayhuamán era um grande forte construído para defender a cidade de Cusco e que fazia parte de um complexo ainda maior. Com várias fortificações menores e portões de entrada para a cidade, começou a ser construído em 1458 e levou 50 anos para ficar pronto.
Ao lado de Sacsayhuamán temos Qenqo Chico, Qenqo, Pukapukara e Tambomachay que faziam parte deste grande complexo. Atualmente só conseguimos visitar cerca de 20 por cento do que foram estas construções, já que boa parte das pedras foram usadas pelos espanhóis nas igrejas e catedrais de Cusco.
Cristo Blanco
Da Plaza de Armas você vai avistar no alto a imagem de Cristo de braços abertos sobre Cusco. É o Cristo Blanco e fica um mirante ao lado de Sacsayhuamán. A estátua tem 8 metros de altura e nem é tão bonita, mas a vista lá de cima é bacana.
O curioso é que a estátua do Cristo Blanco foi uma doação da comunidade palestina aos moradores de Cusco em 1945. A razão? Bom, é que dois irmãos palestinos que se estabeleceram em Cusco tiveram muito sucesso com seu negócio de comercialização de seda. Para agradecer à Cidade, eles mandaram construir a estátua inspirada no Cristo Redentor do Rio de Janeiro.
Visitar o Museu Precolombino
Cusco tem muitos museus e não é mentira dizer que a cidade é um grande museu ao ar livre. Mas um museu que vale a pena a visita é o Precolombino.
O museu ocupa um enorme casarão de 1580 e conta com 12 salas onde estão exibidas peças que vão do ano de 1250 a.C até 1532 d.C, já no período da colonização espanhola.
É muito bacana para a gente entender a importância e a genialidade do império Inca.
Mercado San Pedro
O Mercado San Pedro é imenso e caótico! Mas vale demais a visita. E lá você vai encontrar de tudo. Desde os artesanatos que você precisa comprar para levar para casa até as comidas mais locais. Passando por queijos, ervas, cafés, muito chocolate artesanal e algumas coisas bem estranhas.
É um lugar onde muita gente vai para comer, algo que definitivamente eu não recomendo, pois a sujeira é grande. A não ser que você queira ter algum problema gastrointestinal.
Aproveitar a gastronomia peruana
Se tem uma coisa que pega pesado no Peru – no melhor sentido, claro – é a fantástica e bem elaborada gastronomia peruana. E se a sua referência de comida peruana é o Ceviche, saiba que o cardápio vai muito além disso. Entre os mais famosos, temos Anticuchos, Lomo saltado, Tacu tacu, Olluquito com charque, Pachamanca, Ají de Gallina, Dieta do Pollo, Rocoto Relleno, Pollo a la Brasa e Arroz con Mariscos. E até um simples hambúrguer vira uma experiência gastronômica.
O país já foi eleito quase uma dezena de vezes como o “Melhor Destino Culinário Do Mundo” pelo World Travel Awards, considerado uma espécie de “Oscar do turismo”.
Visitar as Montanhas Palcoyo
Se você pretende visitar a Montanha Arco-Íris do Peru, também conhecida como Montanha das 7 Cores ou Rainbow Mountain, eu tenho uma boa e uma má notícia para você. A má notícia é que por conta de disputas territoriais, a Rainbow Mountain está fechada para visitantes por tempo indeterminado. E a boa notícia é que o Peru recentemente abriu a visitação às Montanhas Palcoyo, uma ótima alternativa.
Como o fechamento da Montanha Arco-Íris, os peruanos trataram de abrir estradas melhores e criar uma estrutura básica para levar os turistas até as Montanhas Palcoyo. Confesso que eu estava bem desanimado, até que quando pisei naquele lugar, minha opinião mudou completamente.
A Vinicuca – nome real da Rainbow Mountain – tem uma altura de 5.200 metros acima do nível do mar, é maior que a Palcoyo e mais colorida. Mas é só uma montanha em meio a vales áridos e meio sem graça.
Entretanto, a região das Montanhas Palcoyo compreendem 3 montanhas coloridas e um imenso vale com montanhas em vários tons diferentes. Além disso, nas Palcoyo podemos chegar a um vale de pedras a uma altitude de 5 mil metros acima do nível do mar.
Chegar nas Montanhas Palcoyo também é mais fácil que na Vinicunca. Nesta, era necessário uma viagem de 1h30 de carro + uma caminhada de 3 horas montanha acima até chegar nas montanhas. Já na Palcoyo o trecho de estrada é maior, são 4 horas de viagem (2 horas em vias pavimentadas e mais 2 horas de estrada de terra montanha acima) e mais 1 hora de caminhada relativamente leve até o topo da montanha. Mas na chegada já conseguimos avistar o belo vale e as montanhas coloridas de Palcoyo.
Aqui no blog tem um post completo explicando tudo sobre a visita às Montanhas Palcoyo e no canal do Vou na Janela no Youtube tem um vídeo da minha visita.
Fazer o tour até a Laguna de Humantay
A Laguna de Humantay é um daqueles lugares que quando vemos as imagens ficamos sem acreditar que tudo aquilo fica no Peru. Parece mais um daqueles cenários noruegueses, no meio dos fiordes e bem distante da gente
Depois de sofrer com a altitude peruana durante a visita às Montanhas Palcoyo, onde chegamos aos inacreditáveis 5 mil metros acima do nível do mar, eu achava que visitar a Laguna de Humantay seria mamão com açúcar. Mas eu estava infinitamente enganado.
Falando um pouco sobre a laguna, ela fica distante cerca de 130 km do centro de Cusco, entre a Montanha Salkantay e a Montanha Humantay a uma altitude superior a 4 mil metros.
A laguna é formada pelo degelo do glaciar localizado logo acima dela. E a medida que essa água vem descendo desde o topo da montanha, vem absorvendo minerais que junto dos minerais que já estão no fundo da laguna, dão a ela essa cor característica que varia do azul turquesa ao esmeralda.
E de acordo com a temperatura e o nível de água, as cores podem mudar, fazendo com que cada visita a Laguna de Humantay seja única.
Para facilitar a sua visita eu recomendo a leitura do post que eu escrevi sobre este passeio, lá está tudo bem explicadinho e no canal do Vou na Janela no Youtube tem um vídeo da minha visita.
Viajar de trem até Aguascalientes / Machu Picchu Pueblo
O trem de Cusco a Machu Picchu, além de ser a principal maneira de viajar entre as duas cidades, é uma verdadeira atração turística. Atravessando a Cordilheira dos Andes, passando por regiões montanhosas com neve, rios caudalosos e trechos de mata fechada.
Na metade da viagem acontece a transição de todo esse cenário andino para a floresta amazônica. Eu viajei com a Peru Rail no trem VistaDome, que tem vagões com janelas enormes e teto de vidro, o que possibilita uma visão extraordinária da viagem.
O VistaDome possui um vagão super bacana e luxuoso com uma varanda de onde temos uma vista sensacional da viagem. Uma banda tocava músicas andinas e um personagem folclórico fazia danças típicas. Uma experiência única nesta que é certamente uma das viagens de trem mais bonitas do continente.
Leia o post onde eu explico detalhadamente como fazer a viagem de trem e como não cair em algumas furadas que eu caí. Tem também o vídeo da viagem no canal do Vou na Janela no Youtube.
Visitar Machu Picchu
Escondida no meio dos Andes Peruanos, a cidade Inca de Machu Picchu é uma das principais atrações da América do Sul e cartão postal do Peru. Classificada pela Unesco como Patrimônio Cultural e Natural da Humanidade, Machu Picchu também é uma das sete maravilhas do mundo.
Machu Picchu é tão isolada, que nem os espanhóis que dominaram Cusco durante a colonização encontraram a cidade Inca. E acreditem, a cidade só foi oficialmente descoberta em 1911 pelo explorador e historiador americano Hiram Bingham. Entretanto, já existiam relatos de antes desta data contando a existência de uma cidade Inca no meio dos Andes. Tal isolamento de Machu Picchu, faz com que até hoje a visita seja trabalhosa e feita por etapas.
Veja aqui o passo a passo de como visitar Machu Picchu em 2022
A cidade foi povoada entre 1450 e 1540 e depois foi abandonada, foram menos de 100 anos de ocupação. Por que tão pouco? Por que foi abandonada? São apenas algumas perguntas que fazemos quando visitamos Machu Picchu.
Contratar um guia não é obrigatório, mas é bacana pois eles trazem informações que ajudam a contextualizar ainda mais a visita. Explicam que ali naquele pedra aconteciam cerimônias com possivelmente sacrifícios humanos, o que pode dar um nó no estômago do visitante.
Visitar Machu Picchu é uma experiência única na vida. Daquele sonho de criança, que adorava os livros de história e geografia. E a boa notícia é que estamos falando de um lugar relativamente perto do Brasil e totalmente acessível.
Leia o meu post onde eu falo da experiência de visitar Machu Picchu e também não deixe de ver o vídeo da visita no canal do Vou na Janela no Youtube.
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