Punta Arenas

Se você pegar o mapa do Chile, percorrer com os olhos desde o comecinho, lá em cima, na costela da Bolívia e dos pés do Peru até o fim, vai encontrar o que seria o último pedacinho de terra habitado antes do fim do mundo, a cidade de Punta Arenas.

De fato, Punta Arenas é conhecida como a última cidade chilena antes do continente antártico. A cidade é movimentada, recebe centenas de pessoas por dia em busca do Parque Nacional de Torres del Paine, que fica aqui nesse cantinho do mundo. Apensar de sempre cheia, Punta Arenas é uma cidade de passagem, onde ninguém se apega por ela ou tira uns dias para relaxar por aqui.

Punta Arenas
Punta Arenas

Mas Punta, tem algo que atrai a gente, algo que eu não sei explicar muito bem. Talvez, por ser uma cidadezinha movimentada como cidade média, na beira do Estreito de Magalhães e talvez seja esse caminho natural que une os oceanos Atlântico e Pacífico, que exerça um estranho magnetismo na gente.

Magnetismo
Magnetismo

Palco de centenas de naufrágios ao longo dos anos, o Estreito de Magalhães tem fama de cruel, de mal assombrado e que não perdoa os marinheiros menos experientes. Seja como for, estar nesse canto do mundo é uma experiência única. O vento gelado soprado do sul, restos de embarcações centenárias, vida marinha exuberando a olho nu.

Punta Arenas tem um espécie de magnetismo, tem o vento gelado que vem do sul, tem as histórias de assombração do Estreito de Magalhães e tem a estrada do fim do mundo

Se até aqui você já se encantou com Punta Arenas e o fim do mundo, o que nem todo mundo sabe, pelo menos os não-chilenos, é que existe algo além de Punta, basta pegar a Ruta 9, a verdadeira estrada do fim do mundo e rumar alguns quilômetros ao sul.

No verão, o vento legado e forte quase tira o carro da pista, de um lado o cenário típico da Patagônia antártica, do outro lado o oceano com seus exuberantes tons de azul. Não se surpreenda ao ver baleias e golfinhos nadando por aqui. Também não se surpreenda ao encontrar com alguns grupos de pinguins atravessando a estrada, praticamente deserta, sem um sinal de vida. A ideia de ter um pneu furado ou um problema com o carro nem passa pela cabeça, tamanha é a lindeza do lugar.

O porto da fome
O porto da fome

A primeira parada antes do real fim do mundo é em Puerto del Hambre. O lugar já foi um vilarejo chamado de Rey Don Felipe, fundado lá pelos anos de 1580 para defender o Estreito de Magalhães dos piratas que saqueavam os navios espanhóis e portugueses que por ali passavam. Mas o que ninguém contava na época é que o lugar possui um dos invernos mais rigorosos dessa parte do mundo e solo infértil. Foi a receita da tragédia e aqui, centenas de pessoas morreram de fome. Por isso, anos depois, o lugar ficou conhecido como Puerto del Hambre, ou Porto da Fome.

Aqui não existem turistas, só poucas pessoas que ainda vivem e pescam nessas águas de propriedade do Governo do Chile. Não existe o frenesi dos mochileiros indo e vindo, mas as aves marinhas estão por todos os lados. Não tem bares tocando os hits do momento, mas tem o som incessante do vento.

Não estamos sozinhos
Não estamos sozinhos

Puerto del Hambre é triste, mas a vida segue e a estrada também. Mais algumas horas na longa estrada do fim do mundo, do lado esquerdo, lá no braço do mar eu vejo uma nadadeira graciosa apontando na superfície. Ainda não sei se era uma baleia, golfinho ou tubarão, mas o que quer que seja, mostra que não estamos sozinhos.

De fato, chegamos ao fim do mundo, o Farol de San Isidro. Aqui a estrada acaba mesmo, não dá mais para ir por terra, é o fim da linha literalmente. O vento nessa região é ainda mais forte, a temperatura está abaixo de zero em janeiro, verão no hemisfério sul.

Farol de San Isidro
Farol de San Isidro

Do lado do farol tem uma pequena e confortável hosteria, não me hospedei pois a viagem era um bate-volta, mas aquele café desceu muito bem. Encontrei alguns mochileiros que procuravam exatamente o mesmo que eu: chegar mais longe, no limite, na esquina do mundo e conseguimos!

Último pedacinho de terra
Último pedacinho de terra

A vida aqui é simples, as pessoas vivem com pouco, no frio constante e são felizes. Não precisam de carro novo, de telefones de última geração. Ficam felizes em receber quem veio tão de longe admirar seu jeito de viver e de ser, já que se sentem negligenciados pelo próprio chileno que mal sabem da existência desse micro povoado e quando chega alguém de tão longe, é recebido de braços abertos.

No fim do mundo tem vida, tem vida simples e eu tenho um baita orgulho de ter ido até lá e poder contar tudo isso aqui.

Tudo que eu posso dizer é que a viagem não para por aqui.

O fim do mundo é aqui
O fim do mundo é aqui
Lembranças dos humanos pelo caminho
Lembranças dos humanos pelo caminho
Quando a maré baixa
Quando a maré baixa
Praias de pedras no fim do mundo
Praias de pedras no fim do mundo

Passeios em Torres del Paine



Punta Arenas:
Em Punta Arenas eu fiquei no Hotel José Nogueira. A localização dele era excelente, na rua principal da cidade e de onde eu conseguia fazer tudo a pé.

Puerto Natales:
Em Natales eu me hospedei no Wild Hostel. Eu particularmente não gosto de hostels, por conta da falta de privacidade, entre outros pontos. Mas eu fiquei nesse pois como eu visitei a região na altíssima temporada, foi a hospedagem que estava disponível.

Dentro do parque e arredores:
No caminho para o parque fica a Posada 3 Pasos, num lugar lindo! O preço dele é algo intermediário, mais barato que os hotéis que ficam dentro do parque.

Mais adiante fica o Hotel Estancia El Ovejero Patagónico, mais perto da entrada do parque e também com preço bem mais em conta.

Dentro do parque tem o Hotel Rio Serrano, que fica em um dos lugares mais lindos de Torres del Paine e tem uma vista mais que privilegiada das Torres que dão nome ao parque.

Mais no coração do parque fica o Hotel Lago Grey, que fica do lado do lago de mesmo nome e tem uma vista lateral das torres e ao fundo a Geleira Grey, um dos cenários mais bonitos do parque.

Do lado oposto a estes hotéis acima, ou seja, do outro lado das torres fica o Hotel Las Torres Patagonia e claro, tem outra vista sensacional do parque.

Outro hotel que fica um pouco mais afastado desses, mas que também tem uma bela vista é a Hostería Tercera Barranca. O bacana dele é a localização no meio dos campos da Patagônia.


Como chegar no parque Torres del Paine
Quanto custa viajar para Torres del Paine
Como é passar pela imigração no Chile
Onde ficar em Torres del Paine


Como é a visita a Torres del Paine
Roteiro na Patagônia: Punta Arenas e Torres del Paine
Punta Arenas e a estrada para o fim do mundo


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5 thoughts on “Punta Arenas e a estrada para o fim do mundo

  1. Olá…
    Que grande satisfação fazer uma pesquisa para uma viagem, que promete ser incrível, e me deparar com um texto tão poético e gostoso de ler… foi o único que realmente parei e li… e não dei apenas uma passada de olhos!!!
    Parabéns pelo blog e pelo texto!!

  2. Sonho mais com destinos de frio do que com praias tropicais, e um dia também quero pisar no último pedacinho de terra em Punta Arenas e fazer um selfeet, como você. Gostei de tuas observações sobre o lugar e as imagens estão lindas!

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